quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Notícia: Desaparecimento Misterioso de Três Mulheres em Pernambuco, Brasil

Um crime bárbaro chamou a atenção da população de Pernambuco, na manhã de 11 de Março de 2012, quando a Polícia Civil localizou os corpos de três jovens que estavam desaparecidas. As vítimas foram esquartejadas e enterradas no quintal da residência dos suspeitos.

Após a notificação do desaparecimento de uma das vítimas, desde o dia 25 de Fevereiro de 2012, a polícia começou as investigações referentes ao caso. O que chamou a atenção da polícia é que mesmo desaparecida, a vítima estaria a fazer compras nas lojas da cidade usando o cartão de crédito, o que fez com que os registos bancários continuassem a chegar à sua morada de residência.

As investigações levaram à conclusão que os responsáveis pelos desaparecimentos seriam um casal que morava juntamente com uma amante. O trio proporcionava às vítimas uma oferta de emprego como empregada doméstica, o que fazia com que cada uma delas se dirigisse a um local onde se daria uma entrevista. Por norma nessa mesma entrevista as vítimas eram sequestradas.

Quando as vítimas já se encontravam isoladas, o trio dava início a um ritual. As vítimas eram então esfaqueadas e de seguida esquartejadas. Todos os métodos utilizados para a captura e tortura das vítimas eram protocolados num diário escrito pelo autor dos crimes.

Após esta tortura o trio consumia a carne das mesmas acreditando que se tratava de uma ação purificadora, depositando as suas ações na crença da purificação mundial e na redução populacional através deste tipo de rituais.

Foram declaradas três mortes. A primeira foi a de uma jovem de 17 anos, que para essa mesma entrevista levou a sua filha. Após a sua morte o trio adotou a criança obrigando-a a assistir e a colaborar em todos os rituais celebrados.

Figura 1 - A polícia atua no local do crime
Quando a polícia (figura 1) deteve os três suspeitos no local do crime, depararam-se com vários cenários. Para além de encontrarem o diário e várias peças anatómicas das vítimas, a polícia, com o auxílio da menina, encontrou o local onde os restos mortais eram enterrados. O responsável pelo caso afirma: “O estado dos corpos localizados é algo indescritível, mesmo para quem já está habituado a estas situações”. Antes de serem enterradas, elas foram cortadas em pedaços e depois colocadas numa cova com cerca de um metro e meio de profundidade.

As ciências forenses foram de facto fundamentais no reconhecimento e análise deste caso. Mas como?

Ciências Forenses

As ciências forenses são o conjunto de várias componentes científicas que permitem a análise de vários casos de carácter jurídico. Por essa mesma razão é uma área bastante diversificada na qual estão incluídas disciplinas tais como a tanatologia, a toxicologia, a biologia forense, a antropologia e muitas outras disciplinas científicas.


Como é que as ciências forenses se aplicaram neste caso?

Antes de qualquer recolha ou análise de vestígios biológicos e não biológicos existe a necessidade de preservar o local do crime, pelo que o isolamento do mesmo é essencial para que nenhuma prova seja destruída. Esta atitude tem como objetivo impedir que, para além dos fatores naturais inerentes à decomposição de vários vestígios, haja outros factores que os influenciem de modo a alterar a futura conclusão, que terá como base toda a recolha feita neste mesmo local. No caso apresentado, no momento da detenção dos três suspeitos, a casa foi totalmente encerrada de modo a que se pudessem iniciar as investigações.

Depois de uma avaliação geral da situação e do isolamento do local do crime os técnicos forenses avançam para o passo seguinte: a recolha e análise de vestígios. Esta desenvolve-se de um modo bastante específico, uma vez que as provas encontram-se em constante alteração, devido a fatores físicos e químicos.

Uma técnica fundamental na análise deste tipo de situações é a fotografia. Esta permite-nos ter uma visão geral do local onde se deu o alegado crime permitindo uma análise mais profunda e fundamental do caso, valendo como testemunho no caso judicial.

Neste caso verifica-se que os vestígios encontrados foram de origem biológica e não biológica. Relativamente aos vestígios biológicos verifica-se que foram encontradas algumas peças anatómica (alguns dedos por exemplo), os vestígios ósseos na cova de cada vítima e sangue em algumas divisões da casa, por outro lado um dos vestígios não biológicos que permitiu os desfecho deste caso foi o diário do autor dos crimes.


Análise de Vestígios Biológicos

Uma das áreas das ciências forenses que foi crucial na resolução deste caso foi a antropologia forense.

Como foi referido na notícia, a polícia conseguiu identificar o local (figura 2) onde as vítimas foram enterradas. Nesse mesmo local só foram encontrados os restos ósseos de cada vítima sendo que as outras partes do corpo era envolvidas no ritual do trio. Mas, mesmo assim existe a necessidade de comprovar que aquelas partes ósseas pertencem às vítimas conhecidas. apresenta É aqui que entra a Antropologia Forense que utiliza várias técnicas permitindo identificar o sexo, a idade, a raça e a estrutura do indivíduo a que pertence os vestígios encontrados. Deste modo pode-se fazer uma identificação clara do indivíduo em questão.

Figura 2 - Local onde se encontravam restos mortais

A presença de alguns fluidos corporais em algumas divisões da casa, como por exemplo o sangue, permitiu fazer conclusões sobre o caso. O sangue é um dos tipos de vestígios mais frequentes e com mais significado, associado às investigações forenses. A informação fornecida pela sua análise assume particular importância, não só na identificação da fonte/indivíduo responsável pelo sangue, mas também no modo como este está depositado. De facto, as circunstâncias e a natureza dos crimes violentos produzem, frequentemente, uma variedade de manchas de sangue que, após um exame minucioso, podem fornecer informação crucial para a resolução do crime em análise. Deste modo a análise do sangue existente no local do crime permitiu identificar a identidade das vítimas.


Análise de vestígios não biológicos

Figura 3 - Diário do suspeito
Um dos vestígios não biológicos encontrado no local do crime foi o diário (figura 3) onde se encontravam descritos os métodos aplicados para esquartejar a vítimas. Este diário teve uma importância significativa para a conclusão do caso, uma vez que permitiu perceber como é que as vítimas eram mortas. A análise deste tipo de vestígios é da responsabilidade de uma área designada por grafoscopia. A grafoscopia é uma das componentes das ciências forenses e é responsável pela análise e interpretação de documentos. A escrita, estrutura e a origem do documento permite identificar o seu autor, que neste caso era o homem pertence ao trio.


No caso macabro e misterioso das três mulheres desaparecidas em Pernambuco é possível verificar como é que as ciências forenses atuam na sua área de trabalho. A complexidade disciplinar das ciências forenses permitem então que muitos dos casos de caráter jurídico sejam resolvidos da forma mais correta e justa possível, permitindo assim que as sociedades se desenvolvam cada vez mais em locais seguros.

Diogo Cardoso
Fontes:
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